Gredos é sem duvida a pequena grande montanha. No inicio do Verão de 2010, quizémos fazer um pequeno programa pela serra, para ficar com uma ideia geral do circo e sua envolvente. A intensão era, com inicio em Navalperal de Tormes, seguir até às 5 lagoas, passar pela Portilla Del Rey , pernoitar no refugio Elola e no dia seguinte subir até ao Almanzor (2592) regressando depois, pelo vale da Garganta de Gredos, de novo a Navalperal de Tormes.
É sem duvida um circuito que permite ter uma idéia geral, não só de parte do circo como também da serra que o envolve.
1º Dia
Depois da chegada a Navarredonda de Gredos , local escolhido para pernoita, ainda houve tempo fazer uma pequena incursão até Navalperal de Tormes para reconhecimento do trilho que dá acesso às 5 Lagunas.
2º Dia
Partindo de Navalperal de Tormes seguimos o trilho que dá acesso às 5 Lagunas.
Próximo das 5 Lagunas o trilho divide-se. Seguindo em frente, tem-se acesso às lagoas mais distantes. Seguimos pela esquerda, por onde foi possível ganhar cota mais rapidamente.
Chegámos às primeiras lagoas e à encosta do colo do pluviómetro (o aparelho estava derrubado).
Derivámos depois para a direita até ao colo da Portilla del Rey (que fica em azimute com a 2ª lagoa - quando se sobe o vale).
Uma forte trovoada acompanhada por granizo e precipitação intensa apanhou-nos ainda a meio da subida e acabou por nos acompanhar pela passagem da Portilla Del Rey e descida de toda a encosta oposta. Os trilhos que dão acesso ao rio Garganton , devido à elevada precipitação transformaram-se em pequenos cursos de água, mas o número de mariolas existente, tornaram evidente o caminho a ser seguido.
Para continuar o caminho, havia que cruzar o rio. Com o degelo, o caudal era tão grande que não existiam alpondras, pelo que, a travessia teve que ser mesmo “a vau”.
Já do outro lado do rio, a sinalização com mariolas levou-nos até um pequeno colo de onde já foi possível observar a grande Lagoa de Gredos. Descendo um pouco pelo denominado Camino Real e derivando para a direita, chegámos ao Refugio Elola.
Acesso ao Camino Real
Durante o jantar era tema de conversa o acesso ao Almazor . Pelo o que ali se relatava, a Portilla del Crampon estava com 4m de neve e, segundo as descrições, com uma inclinação bastante acentuada. Com os relatos de acesso ao cume e com o mau tempo que parecia estar para ficar, os planos dos presentes estavam mais relacionados com o regressar à Plataforma...
3º Dia
Embora o tempo estivesse um pouco instável, a tendência parecia ser de melhoria, pelo que resolvemos avançar em direcção ao cume do Almanzor.
No corredor da Portilla del Crampon , para nosso espanto, a acumulação de neve era enorme! E vistos da base, eram cerca de 50m de corredor que mais pareciam uma autêntica parede! Era realmente incrível como no inicio do Verão a neve ainda era em tão grande quantidade.
Portilla del Crampon
Como a neve já não estava muito gelada, a progressão, com crampons e piolet, foi feita sem dificuldades.
Depois desta passagem, seguimos mariolas que acabaram por nos levar para um “falso cume”, o que nos obrigou a alguns passos de escalada de nível III para conseguir passar para o cume principal (2592).
Vista parcial do Circo de Gredos
O regresso ao refúgio obrigou à passagem por placas de neve que se encontravam sobre numerosos riachos alimentados pelo degelo. Em algumas delas, optámos por uma travessia salvaguardada por pontos de segurança. Muito embora tivesse sido um procedimento que acabou por tornar a descida mais lenta.
Depois da passagem pelo refúgio, para recolha do material, iniciámos a descida pelo vale da Garganta de Gredos.
Embora o caminho acabe por estar todo sinalizado com mariolas, algumas mostraram ser de localização difícil por se encontrarem algo ocultas ou dispersas.
A parte inicial do percurso é feita por maciços rochosos e por inúmeras lagoas que se formam no seu interior. É uma zona muito abrupta que obriga a uma constante atenção ao melhor caminho a ser seguido.
Já na zona plana, há alguns troços em que a vegetação se encontra totalmente cerrada além de, nesta altura do ano (inicio de Verão), haver zonas completamente alagadas, devido ao abundante degelo.
Após uma verdadeira jornada de “sol a sol” chegámos novamente ao local de partida - Navalperal de Tormes.