Faltava-nos um único... aquele que em vezes anteriores
tinha acabado sempre por se “esconder”...
Voltámos a estudar o mapa e decidimos apostar numa autonomia expresso dedicada
exclusivamente ao Alcazaba, menos dias e menos peso, para assim seguir
pelo estreito trilho que permite subir pelo circo da Lagoa Hondera direto ao cume.
O início voltou a ser de Trevelez em direção às Siete
Lagunas e, como o caminho ainda estava bem referenciado na memória e o peso era menor, o
tempo de chegada à Lagoa Hondera foi inferior
ao do ano anterior , o que nos permitiu tranquilamente escolher o bivaque maior
e mais protegido e ainda houve tempo para um reconhecimento do trilho por onde
partiriamos na manhã seguinte.
A preparação do
jantar no interior do abrigo
Como companhia tivemos um gato selvagem que se
aproximou como um visitante e acabou por nos acompanhar toda a noite, mas não
foi o único...
O gato
O que parecia ser um abrigo
ideal para uma noite de descanso, veio a ser um movimentado lugar de passagem,
não só para o gato, como também para raposas e furões, que não se limitaram só
a passar.. As nossas mochilas foram “assaltadas” tendo o pequeno almoço sido
roubado do interior de uma delas, e claro, a nossa reserva de frutos secos
também não foi poupada...
Depois de um serão a limpar mochilas ainda ficámos de
vigia e o que temos para contar,
para além da visita de um raposinho que fugiu ao acendermos os nossos
“frontais”, foi um intimidante mas privilegiado “frente a frente” com um lobo que, seguro da sua imponência e
depois de nos observar, “ignorou-nos”, e abocanhando o que restava do saco de
frutos secos, seguiu o seu caminho, deixando-nos surpreendidos a admirar a sua
elegante silhueta.
Após a noite atribulada,
iniciámos o caminho seguindo as mariolas que, progressivamente, nos
encaminhavam pela direita, deixando à esquerda a lomba que dá acesso ao Mulhacén.
Início do caminho junto à Hondera
O trilho de subida não parece ser muito
utilizado e além de pouco marcado o relevo e inclinação acentuada fazem com que
dificilmente se consiga distinguir ao longe. As mariolas existem, mas também
estas estão dispersas e facilmente passam despercebidas por todo o terreno ser
pedregoso e com uma quantidade elevada de pedras soltas.
Já na subida, com a lagoa Hondera e a lomba do Mulhacén ao fundo
Durante a subida o “gigante” Mulhacén faz-nos companhia, adquirindo
uma maior imponencia à medida que atingimos o colo de acesso ao Alcazaba.
Parte final da subida com Mulhacén como “cenário de fundo”
No final da subida, o tão desejado cume sai do “encaixado”
esconderijo a que estávamos habituados e aparece mesmo ali ao lado, sendo o
acesso pós subida bastante fácil.
À direita ao fundo - Alcazaba
Para além de nos permitir ver o caminho de
acesso ao Alcazaba, após a subida e
antes de iniciramos o caminho de acesso cume, é possível admirar, mais uma vez,
a imponência do gigante Mulhacén.
Mulhacén- vista do colo de acesso ao Alcazaba pelas Siete Lagunas.
Depois do colo, o acesso ao cume é fácil. Neste
ponto, deslumbra conseguirmos ter uma visão global de todo
o integral dos 3000.
Vista do cume (lado nascente)- a primiera parte do “nosso integral”,
permitindo destinguir vários “três miles” e as lagoas de Juntillas e Vacares
Vista do cume (lado poente)- Os dois gigantes: Mulhacén em primeiro plano, Veleta e a crista ocidental de “três
miles” ao fundo da imagem.
Depois de desfrutarmos
prolongadamente as vistas de cume, relembrando passagens e estudando novas
alternativas, iniciámos a descida, desta vez pela lomba do Alcazaba.
Na primeira tentativa de
acesso ao cume tinha sido este o percurso seguido e, desta vez, mesmo sendo em
descida, voltamos a ter a mesma sensação: é uma encosta mais paulatina, mas extremamente
monótona, tanto pela paisagem como pela sua distância “infinita”.
Saímos da lomba de forma a interceptar
o trilho de descida para Trevelez
junto à cascata da Lagoa Hondera. A
sensação era de “missão cumprida”, mas com a vontade de voltar para concretizar
algumas variantes que, entretanto fomos estudando.