No cume dos Pirinéus - ANETO


Nem sempre Aneto foi considerado o cume dos Pirinéus. Até 1817 foi o Monte Perdido que recebeu esta distinção e apenas em 1842 foi pela primeira vez alcançado o topo da cordilheira, cabendo a Platon de Tchihatcheff (militar russo) e a Albert de Franqurville (boatânico normano)este feito.

O estar neste topo, já não era para nós novidade, mas o "mais alto" acaba sempre por chamar de uma forma diferente. Desta vez  resolvemos fazer a abordagem pela via normal, com início no refúgio de La Renclusa.
O caminho para o refugio tem o seu inicio no parque de La Besurta. De verão não é permitido a circulação de automoveis particulares entre o Hospital de Benasque e o parque, havendo um autocarro que, de meia em meia hora, faz a ligação entre Hospital e La Besurta.
Para quem dispensar este serviço, o caminho de ligação ente o Hospital e La Besurta poderá ser feito a pé e pela estrada ou trilhos alternativos.



Refúgio La Renclusa



O caminho de acesso ao refugio é, inicialmente, o mesmo do Forau de Aigualluts, seguindo depois pela direita. Todo o caminho encontra-se bem sinalizado, e uma cômoda e curta subida dá acesso à La Reclusa.
Depois do refúgio, o início do trilho, ou dos inúmeros trilhos, para o "grande"  é feito por infinitos blocos de pedra, que, por estarmos no inicio do verão, acaba por ser o cenário que nos acompanha até mais ou menos aos 2.500m. O caminho a seguir será quase "à escolha" uma vez que são muitas as mariolas que marcam diferentes itinerários alternativos.
Até se chegar à zona de neve, o caminho, seja qual for a opção seguida, é um contínuo subir e descer de blocos graníticos, o que acaba por ser monótono mas obrigatório.
Continuando a subida, o glaciar da Maladeta surge à nossa frente e, do lado esquerdo (Este) as paredes dos Portillones.
O caminho seguiu pelo aglomerado de blocos,  o que deu acesso aos Portillones, iniciando-se aqui a procura do Portillon superior que nos daria a passagem para o Glaciar do Aneto.





Inicio da progressão em neve com Pico de la Mina  e Salvaguardia como cenário de fundo


Para alcançar a passagem do Portillón Superior, que dará acesso ao glaciar do Aneto, podem surgir algumas duvidas, em parte devido ao elevado número de mariolas no terreno que indicam diferentes itinerários para diferentes destinos.
Seguimos a direção do Portillón Inferior e, antes de alcançá-lo, rumámos pela direita rodeando o Pico do Portillón Superior, seguindo numa cota inferior à do pluviômetro, chegámos à passagem para o Glaciar.


Pendente de acesso à passagem para o Glaciar do Aneto

A  passagem para o Glaciar do Aneto dá a sensação de uma porta de ligação com um outro lado da montanha.


A passagem com Aneto já à vista


Fizemos a travessia do Glaciar seguindo o caminho bem marcado que demonstra bem a quantidade de gente que diariamente percorre esta via.
O Glaciar do Aneto é o maior glaciar dos Pirineus, tendo uma área de aproximadamente 100ha. Nos últimos cem anos terá diminuído a sua superfície em mais de 50%, podendo mesmo desaparecer dentro de 40 anos.

 Entrada no Glaciar


Seguimos o trilho que nos levou por uma subida paulatina  em paralelo com a crista Maldito- Coronas.

Travessia do Glaciar com Aneto no horizonte

Depois do Collado de Coronas, iniciamos a subida final que se carateriza pela sua inclinação acentuada e que culmina com o início da denominada Ponte de Mahoma
O nome de Ponte de Mahoma foi dado por Albert Franqueville, supostamente como uma forma de lembrar a lenda mulçumana  que refere que “ ..a entrada no paraíso é tão estreita como um buraco de uma agulha, pelo que por ela apenas passam os justos..”
A passagem da Ponte de Mahoma (3.390m ) foi feita à hora certa, ou seja quando praticamente ninguém se encontrava a atravessá-la.
Apesar do cenário vertiginoso que este ponto apresenta, não existe dificuldade técnica para o superar, no entanto, e na nossa opinião, o que pode mesmo dificultar esta passagem nesta época do ano, é o número elevado de pessoas que, em simultâneo, pode estar a fazê-lo.

 Ponte de Mahoma


Depois de Mahoma, o cume (3.404m). O cume do Aneto "brinda-nos" com duas cruzes que se devem a uma disputa entre Catalães e Aragoneses sobre a "propriedade" deste local. Encontramos primeiro o que resta da a cruz de Sayó colocada em 1917, seguindo-se a cruz maior erguida em 1951.



Cume Aneto

Embora existam várias rotas alternativas e que podem ser usadas para que o caminho de regresso seja diferente, optámos pela descida pelo mesmo caminho devido à logística de material que tínhamos utilizado e também por termos verificado que a alternativa pensada (descida pelo Vall de Barrancs) se encontrava comprometida tendo em conta as condições em que a neve se encontrava devido à temperatura elevada.







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