Maldivas - Voar no Azul

Destino idílico que, para quem mergulha, significa muito mais do que resorts em cenários paradisíacos.
A Republica das Maldivas, situada no Oceano Indico é constituída por 1196 ilhas, agrupadas em 26 atois.



Ao saber o que aquele mundo submerso esconde, a vontade é sem duvida descobrir cada recanto. Mas trata-se mesmo de um mundo e, uma visita de tempo limitado, apenas permite ficar com uma ideia do potencial daquele lugar.
Para rentabilizar o tempo, tentando descobrir o mais possível, a opção de Liveabord acabou por ser aquela que permitiu conhecer uma maior número de spots, muito embora a sensação seja de que muito, mesmo muito, ficou por conhecer.
A rota teve inicio em Male, onde o Doni, que viria a ser a futura "sala" de preparação para mergulhos, fez o transporte para o grande barco (AriQeen) que se encontrava fundeado a pouco mais de uma milha da cidade.






A primeira imersão (check dive) foi feita em North Male e o impacto foi de uma visibilidade que, embora boa, não se compara com a se tem junto à superfície.
Nesta primeira imersão um Tubarão Pontas Brancas de Recife (Triaenodon obesus)  passeia-se junto ao fundo. Com aproximadamente 1m de comprimento, embora elegante e com uma presença distinta, característica comum ao Grupo dos Tubarões,  será  impossível comparar com a imponência  do seu  "primo" Pontas Brancas Oceânico (Carcharhinus Longimanus). 

Seguimos primeiro para South Male e depois para South Ari , onde a corrente foi presença continua  e de com uma intensidade  que transformou numa verdadeira aventura de velocidade algumas das imersões. Em South Ari apareceram as primeiras Jamantas (Manta birostris) . A indescritível harmonia deste animal, faz-nos voar pelo azul seguindo o seu voô, fazendo-nos sentir espetadores de um bailado com uma harmoniosa coreografia, a qual não é possível igualar.




Depois de três dias em South Ari ( Aliuf Dhaalu), rumamos a North Ari (Alifu Alifu), procurando pelo caminho encontrar Tubarões Baleia (Rhincondon typus), habitantes residentes destas paragens. A sorte não nos quis dar essa possibilidade, mas durante toda a manhã de procura, acabamos por comentar se seria azar ou sorte, pois o número de barcos em busca destes animais, é no mínimo assustador. Qualquer animal que aparecesse seria de certo "cercado" por centenas de mergulhadores.
Mais tarde, já noutra viagem, veio-se a comprovar, mais uma vez, que a natureza é quem rege as oportunidade e é ela quem decide quando está na altura de vermos ou fazermos determinada coisa. Na oportunidade que viria a surgir ficou claro que o verdadeiro encanto de ver estes e outros animais, é ter a possibilidade de os observar no seu mundo, sem nos comportarmos como elementos invasivos e sempre que possível, sendo nós humanos em número o mais reduzido possível,
Em North Ari o grande mergulho foi, sem duvida, o mergulho noturno em Maaya Thila. Um "frenesim" de vida com uma dinâmica completamente diferente da vivida durante o dia. Tubarões e raias em caça e numa quantidade que era inevitável questionar: Onde estavam todos estes animais durante o dia?? . Um mergulho em que não valia a pena percorrer grande distancia, afinal tudo se movimentava a uma velocidade de extrema aceleração, precisamente ao nosso redor. Simplesmente inesquecível.



A viagem, para além dos três mergulhos diários, proporcionou ainda a visita duas ilhas e à cidade da Male.
A beleza natural das ilhas é, sem duvida, deslumbrante, mas o cenário idílico vendido pelas imagens dos grandes resorts, esconde a verdadeira vivência de quem naquelas ilhas habita. Os sinais de pobreza são marcantes e, para além do turismo, apenas existe a pesca e alguma agricultura de pequena escala como meios de subsistência.
Com base na nesta experiência, verificámos que, devido ao turismo, o povo adquiriu uma postura de constante subserviência, o que faz perder a genuinidade das características culturais. 




A cidade de Male, situada no extremo sul do Atol Kaafu, é uma cidade densamente povoada, caraterizada por uma arquitetura pouco atraente e um ambiente poluido.
Da cidade, o destaque para a vivência sentida no mercado local, onde o que se vive é genuíno e o que se vende retrata o que naquelas paragens se produz.





Nota:
Imagens - Disponibilizadas pelas diversas duplas do liveaboard


De volta aos Pirinéus - Pico de Alba

Do setor Maladeta - Aneto, a ascensão ao Pico de Alba já há algum tempo que nos tentava, mas umas vezes foi a meteorologia que nos  fez adiar intenções, outras tinha mesmo sido o problema de o tempo não dar para tudo. Assim, não adiando mais, decidimos ir em busca daquele topo que, principalmente quando está nevado, sempre me fez lembrar uma "caravela portuguesa" (Physalia physalis) e que por diversas vezes tínhamos avistado nas várias aproximações a outros gigantes do maciço.

Este pico foi alcançado pela primeira vez em 1868 por Henry Russele J. Haurillon e a sua localização e acessos com as algumas particularidades, faz com que geralmente não faça parte  dos cumes mais procurados.

Bem estudados os dois acessos mais utilizados (pela Reclusa ou pelos Baños del Hospital), decidimos realizar uma volta circular, com início na Besurta optando pela via da Renclusa para subida e a dos Baños del Hospital para descida.

Com o fim da temporada alta ( Julho - Setembro) é possível deixar o carro estacionado na Besurta. Aproveitando essa facilidade, ainda quando o sol não dava indicação de onde viria a aparecer, demos início ao trilho de acesso ao refugio da Renclusa.

Depois da passagem pelo refugio, em direção à ermita da Virgem das Neves, seguimos pelo trilho que segue pela esquerda,  denominado por caminho da torrente de Alba.



Este trilho encontra-se bem marcado e durante algum tempo subimos junto à corrente de água, podendo optar-se pela sua margem direita ou esquerda pois ambas nos permitem chegar à área plana, onde se encontra o ibon lago de Paderna (2.240m).

A partir deste ponto dá início o percurso por terreno decomposto, em que o imenso "mar de pedras" transforma a orientação num verdadeiro desafio. A descoberta de mariolas é aqui um teste à atenção e para dificultar o desafio, são vários e diferenciados os trilhos que assinalam. Há portanto que descobrir as mariolas e em seguida verificar se direcionam para o trilho que pretendemos seguir. A solução foi mesmo avançar por onde se conseguia melhor passar, mantendo sempre o sentido da rota a seguir.


Já com o Pico de Paderna à vista, subimos a encosta junto a um curso de água (torrente de Alba) que, nesta altura se encontrava praticamente seca.  O curso de água não é seguido até à sua origem, sendo necessário abandoná-lo e infletir à direita (orientação norte), em direção ao colo que dá acesso à crista do Pico de Paderna.
No colo é claramente visível a Tuca Blanca e o seu colo (2789m) assim como extensa aresta que segue até ao Pico de Alba. Seguimos em direção à aresta e aqui o caminho está bem marcado. 


Para acesso à aresta de Tuca Blanca há que subir por uma das suas chaminés. Ao chegar a um ultimo ressalto e antes de atravessar uma larga zona de acesso aos corredores, é possível identificar a chaminé correta através de uma mariola mais escura que se encontra já na aresta.

Acertar na chaminé exige uma atenção mais apurada nesta fase do percurso pois o terreno é todo muito idêntico e veêm-se mariolas um pouco por todo o lado, indicando várias opções de trajeto, algumas das quais complicando mais do que facilitando o acesso ao cume,  o que poderá dificultar a escolha. A falha poderá significar subir por áreas demasiado expostas e de terreno muito descomposto e, eventualmente, convertendo-se em caminhos com acesso demasiado comprometido para o Alba. 



A subida pela chaminé obriga à utilização do apoio de mãos e o terreno obriga a um cuidado redobrado a cada passo, pois nada se encontra verdadeiramente seguro.





 Após aproximadamente 15 metros, chegamos à aresta de Tuca Blanca. Deste ponto é possível ter a primeira visão sobre o Vale de Alba, incluindo vista para dois, dos três ibons (lagos) de Alba.
Depois do colo, seguimos o caminho da esquerda que aparece aqui bem marcado. Com a aproximação à aresta que dará acesso ao ante-cume e cume, o caminho passa a ser, novamente, um labirinto, sendo a opção mais acertada aquela que melhor andar oferecer e que de forma mais direta dê acesso ao topo.




Nesta fase, a meteorologia que, inicialmente se tinha apresentado minimamente estável e com base na qual optámos por avançar para esta longa travessia de um dia, traduzia-se agora num enorme teto de nuvens ameaçadoras que teimavam em instalar-se por volta da cota 3.000,
deixando já adivinhar um final de ascensão em condições longe do que seria desejável mas, ainda assim, perfeitamente dentro da margem de segurança que tais atividades requerem.

E foi nestas condições que chegámos ao ante-cume, identificado por bandeiras de orações Budistas.



Do ante-cume ao cume, há que fazer a travessia de uma zona de aresta de fácil progressão  mas, um pouco exposta... o que, graças à quase nula visibilidade daquele dia, pouco impressionava.

O cume, assinalado apenas por uma mariola, promete para os dias de bom tempo, vistas vertiginosas e um ponto de excelência para todo o Maciço Aneto- Maladeta.
O vento soprava cada vez mais forte e incómodo e as nuvens não nos deixando  apreciar a vista do ponto mais alto, foi tempo das fotografias possíveis, repor algumas energias e iniciar a descida que prometia ser longa.





Baixando, pouco mais de 50 metros, a visibilidade melhorou substancialmente e tendo o primeiro ibon (lago) como referencia, a estratégia foi escolher o melhor sitio por onde descer entre um caos de pedras, tentando sempre seguir algumas mariolas que dão acesso ao caminho.






Baixando, pouco mais de 50 metros, a visibilidade melhorou substancialmente e tendo o primeiro ibon (lago) como referencia, a estratégia foi escolher o melhor sitio por onde descer entre um caos de pedras, tentando sempre seguir algumas mariolas que dão acesso ao caminho.




A partir do terceiro e último ibon (lago), o caminho é evidente, sendo que depois da zona de planalto, o caminho continua a ser evidente, mas muito exposto e decomposto , em pelo menos dois pontos do percurso, que exigem especial atenção, particularmente se existirem condições favoráveis à formação de gelo.


Com os Baños de Benasque já à vista, o trilho de descida desemboca literalmente num dos percursos do GR11 (Grande Rota Trans-Pirenaica identificada pela tradicional sinalética branca/vermelha). Esta parte do percurso faz a ligação até ao Hospital de Benasque. Um trilho agradável, praticamente sem desnível.



Depois do Hospital, faltava a ultima ligação que nos faria chegar à Besurta, de onde havíamos partido ainda antes do sol nascer… Aqui, sem grandes alternativas e dado o adiantado da hora, os últimos metros tiveram mesmo de ser pelo alcatrão. Jornada longa, mas a valer a pena essa imensa travessia circular.



















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